Grupo governista – 32,6% dos perfis | 52,2% das interações
Grupo formado por influenciadores e pela base política de apoio ao governo federal. A aproximação do presidente Bolsonaro com o presidente russo é exaltada por esse segmento do debate como uma medida estratégica de proteção às relações diplomáticas e comerciais entre os países. Nesse sentido, a garantia do fornecimento de fertilizantes é fortemente mobilizada, em sinalização clara ao setor econômico do agronegócio. O lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes pelo governo federal é celebrado como ação que visa à ampliação da produção nacional e à redução da dependência de importações. A ameaça ao fornecimento de fertilizantes para o país é amplamente explorada, inclusive como justificativa para exploração de terras indígenas. Segundo o próprio presidente, o Brasil teria forte potencial de fabricação de fertilizantes, o que seria inviabilizado pelo “excesso de terras indígenas”. A ida do presidente Bolsonaro à Rússia, portanto, é encarada como uma antecipação estratégica que beneficiaria o país, a despeito das críticas da imprensa tradicional e de alguns países da OTAN, frequentemente percebida como uma ameaça à soberania nacional. Nesse ponto, o protecionismo patriótico sobre a Amazônia é argumento central, apelando a concepções globalistas e conspiracionistas. Declarações sobre o conflito proferidas por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também motivam hostilidade, especialmente aos ministros que têm estado à frente do processo eleitoral, alvos frequentes de ataques por esse grupo.
Críticos ao governo e à Rússia – 46,6% dos perfis | 41,4% das interações
Composto por perfis de jornalistas, canais de comunicação e entretenimento, políticos da direita e da esquerda — com predominância da direita — esse grupo é marcado por uma pluralidade de atores e por distintas perspectivas políticas e ideológicas. Destaque para o perfil do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, @SF_Moro. Apesar de apresentar essa diversidade, o grupo demarca uma convergência e sinaliza um possível posicionamento de líderes políticos brasileiros em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. Postagens evidenciam uma possibilidade de sincronia e suposta união entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula no que diz respeito a apoiar a Rússia, fazendo comparações dessa suposta união e postura política brasileira com países que vivem sob regimes ditatoriais — alegando que esse posicionamento é prejudicial ao país e pode significar um indício de afastamento das democracias ocidentais. Ainda sobre essa confluência entre Bolsonaro e Lula, postagens abordam a resistência de Lula às perspectivas dos Estados Unidos, sendo chamada de “antiamericanismo”, e a admiração e amizade de Bolsonaro com Putin, mencionando o encontro de ambos em Moscou no mês de fevereiro. Além disso, o grupo repercute o áudio machista atribuído ao deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), também conhecido pela alcunha “Mamãe Falei”. Ao fazer relatos sobre as mulheres ucranianas refugiadas e as policiais do país, ele disse que “as ucranianas são fáceis, porque são pobres”.
Influenciadores e entretenimento – 15,4% dos perfis | 4,3% das interações
Movimentado por perfis de humor, usuários comuns, comediantes e canais de entretenimento, esse grupo — em tom de ironia — realiza postagens que: (1) refutam a possibilidade de o Brasil ter condições — econômicas e psicológicas — de enfrentar mais uma guerra, deixando explícito que no país há outros tipos de combate e conflitos internos; (2) solicitam que o presidente Jair Bolsonaro fique omisso e quieto no embate entre Rússia e Ucrânia, tal como em sua atuação no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil; e (3) evidenciam a contradição de Jair Bolsonaro ao criticar o comunismo no Brasil, mas se deslocar até a Rússia para homenagear soldados comunistas e exibir uma aparente aproximação com o líder russo.
3) Principais atores
Um olhar mais detalhado sobre os perfis de maior relevância em volume médio de interações indica certo equilíbrio do ponto de vista ideológico, mas aponta para a centralidade do presidente Jair Bolsonaro e para o desempenho digital de seus aliados. No contexto de eleições presidenciais em 2022, nota-se que apenas o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Sergio Moro e o ex-presidente Lula se destacam quanto à visibilidade de seus posicionamentos frente ao conflito.