Resumo:
Este relatório tem como objetivo apresentar uma perspectiva geral do debate público sobre as mobilizações de cunho antidemocrático associadas ao Sete de Setembro, Dia da Independência do Brasil, que foram potencializadas em decorrência do pleito presidencial ocorrido em outubro de 2022. A partir de dados coletados no Twitter e no Facebook, buscamos compreender como ocorreu a circulação de discursos de caráter autoritário e extremista que tinham como alvo instituições democráticas e autoridades ligadas ao Poder Judiciário brasileiro. Para compor este quadro geral, elegemos dois períodos distintos para a análise: o período anterior ao Sete de Setembro, entre 1º de junho e 1º de setembro, e a semana do feriado, entre 2 e 8 de setembro. No Twitter, buscamos explorar a evolução do debate geral sobre a efeméride, a discussão sobre os temas, instituições e autoridades associados à data e os termos mais recorrentes no âmbito desta discussão. Já as análises do Facebook tiveram como foco grupos públicos alinhados ao então presidente Jair Bolsonaro, em decorrência da identificação de conteúdos de cunho antidemocrático, e o impulsionamento de publicações de viés eleitoral que circularam na rede nos meses anteriores às eleições.
Palavras-chave:
Sete de setembro; mobilizações antidemocráticas; eleições presidenciais 2022.
Síntese dos Resultados
- No Twitter, em 2022, o debate sobre o Sete de Setembro registrou índices crescentes desde maio. Uma convocação pública para manifestações antidemocráticas, feita pelo então presidente Jair Bolsonaro, motivou uma alta significativa nesta discussão no início de agosto do mesmo ano.
- A narrativa dos apoiadores de Bolsonaro era de que a data seria estratégica para expressar a força do governo e ‘vencer a guerra’ contra o Judiciário e os opositores. O Superior Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram os maiores alvos.
- Entre os temas mais recorrentes, em perfis governistas e de oposição, estiveram forças de segurança e intervencionistas, além de menções ao STF e ao TSE.
- Nos grupos públicos de apoio ao presidente no Facebook, entre 1º de julho e 1º de setembro de 2022, foram preponderantes posts com vídeos de Bolsonaro convocando eleitores para atos antidemocráticos e relacionando estes a preceitos cristãos.
- Já no Twitter, a rivalidade entre Bolsonaro e o então recém-eleito presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi enfatizada na Semana do Sete de Setembro, com diversos ataques ao ministro e denúncias de uma “ditadura judicial”.